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terça-feira, 10 de novembro de 2015

4 Coisas que NÃO tem em Dublin - Comidas

Antes de vir pra Dublin, eu imaginava que várias comidas brasileiras eu não encontraria por aqui. Sei que não tem cabimento a gente fazer questão de ter comida do nosso país quando a gente se muda, e quando vai passar um bom tempo fora.

Para mim, sempre foi óbvio que eu não encontraria Azeite de Dendê, Acarajé, Moqueca, um bom churrasco, essas coisas...

Mas algumas comidas eu simplesmente NÃO ENTENDO o por que de não haver por aqui.

Segue aí uma lista das 4 coisas que eu consigo me lembrar com facilidade:

  • Requeijão Cremoso: Eles têm muitos tipos de queijos, muitos tipos mesmo! Entretanto, requeijão cremoso é uma coisa que eles não têm por aqui. Os únicos lugares onde a gente consegue comprar requeijão são os requeijões Brasileiros (eu nunca vi, mas parece que alguns estabelecimentos conseguem importar) ou um requeijão asiático (até mesmo alguns mercadinhos brasileiros vendem esse requeijão).
  • Queijo tipo Catupiry: GENTE!!! CA-TU-PI-RY!!! Sei que Catupiry é uma marca registrada de requeijão cremoso, mas todo mundo sabe que é diferente o Catupiry daquele requeijão que passamos no pão. E aqui não tem!!!! A comunidade até faz coxinha para vender aqui, mas não tem coxinha com Catupiry! Não consigo entender: como eles não têm esse tipo de queijo? Eles todos os tipos de produtos derivados de leite... Eles ainda precisam descobrir o que estão perdendo.
  • Achocolatado em pó: Eles não tem achocolatado de qualidade! O Toddy é da PEPSICO e o Nescau é da Nestlé. São indústrias incrivelmente grandes, e que têm um alcance mundial. Entretanto, aqui na Irlanda não tem nenhuma das duas marcas. Eles têm, sim, alguns achocolatados em pó, mas não se comparam com os nossos. Mesmo os mais caros não têm a mesma solubilidade ou o mesmo sabor.
  • Picanha: Tá, eu sei que falei que não me surpreende que eles não tenham carne tão boa quanto a nossa. Acontece que eu descobri aqui que esse corte de carne bovina é muito brasileiro. Eles não importam carne aqui na Irlanda, e nem têm muito hábito de comer carne vermelha. Sendo assim, as picanhas que conseguimos encontrar aqui são dos mercados brasileiros. Segundo um colega que trabalha em um abatedouro em Waterford, os brasileiros que trabalham lá trouxeram esse corte de carne, e o fazem nas vaquinhas daqui. Como as vacas são de raças diferentes das brasileiras e vivem em um ambiente diferente das brasileiras, o sabor não é o mesmo.

domingo, 14 de junho de 2015

Susto na Madrugada

Sábado à noite. Minha flatmate, Lívia, tinha saído pra assistir um jogo com alguns amigos. Eu e outros amigos ficamos em casa pra preparar uma comida, assistir o jogo e conversar.

Lá pra 3 horas da manhã, eu estava dormindo leve. Escutei a Lívia chegando, subindo as escadas e indo se deitar.

Dormi de novo.

Me virei na cama, bati sem querer a mão na parede (que é dry-wall, então faz muito barulho) e fiquei pensando que tinha acordado a Juliana no quarto ao lado. Escutei alguém lá fora batendo em alguma porta, no beco atrás da nossa casa, e imaginei que algum vizinho tivesse esquecido a chave e estivesse voltando altas horas da madrugada, tentando acordar os flatmates pra entrar.

A pessoa começou a bater mais e mais forte. Eu fui me incomodando com aquilo, me perguntando por que ninguém abria a porta pra esse coitado. Até que ouvi uma mulher falando com o "batedor" algo em inglês que eu não entendi. Eu pensei: "Calem a boca e vão dormir!"

Mas o batedor esperou uns minutos e recomeçou a bater. Marina, minha colega que dorme no quarto cuja porta é virada para o beco, subiu as escadas desesperadamente, falando num inglês com sotaque carregado e os olhos arregalados:
"Vocês estão esperando por alguma visita? Por que tem um homem batendo na porta de trás da casa perguntando se mora alguma garota brasileira aqui! Eu disse que não mora nenhum brasileiro aqui, mas ele não desistiu!"

Todo mundo apavorado, porque o cara tinha voltado a esmurrar a porta. Eu coloquei a cabeça pro lado de fora e perguntei pra ele se podia ajudar.

Eis que o rapaz me explica o seguinte, em um inglês irlandês bem bêbado:
"Eu estava vindo acompanhar a Lívia até em casa, nos separamos por alguns minutos, e quando eu olhei, ela não estava mais lá! Ela me deu esse endereço, ela me disse que morava aí! Ela está em casa?"

Eu, com medo do que poderia acontecer a seguir, não disse nem que ela estava, nem que não estava. Vai que ele está com raiva da Lívia e arrebenta a porta pra vir acabar com a raça dela aqui dentro? Eu disse ;"Só um minuto, eu não sei se ela está aqui. Vou tentar ligar para ela e saber se ela está bem, e te digo. Espere só um minuto!"

Fui ao quarto onde a Lívia ainda dormia um sono pesado de quem tomou todas. Perguntei se ela conhecia o tal Ryan, se ele era gente boa (se não iria matar a gente, e essas coisas), e ela sonolenta disse: "É, eu conheço, ele é legal! Manda ele embora!" E capotou novamente.

Fui à janela e o avisei que tinha conseguido falar com ela, e que ela estava bem. Ele, muito agradecido, gritou: "Graças a Deus, era só isso que eu queria saber! Muito obrigado, boa noite!" E foi embora.

No outro dia, todos muito assustados, conversamos com todos da casa sobre o que tinha acontecido. Chegamos à conclusão que:
1- Se, ao te acompanhar até sua casa, seu amigo der uma paradinha para fazer xixi, não siga andando e entre no beco onde você mora. Caso você resolva fazer isso, avise ao seu amigo para que ele não fique pensando que você foi sequestrada ou algo assim.
2- Quando estiver bêbado e achar que sua amiga foi sequestrada, não esmurre a porta da casa dela em plena madrugada, como se quisesse invadi-la. Isso pode acabar assustando os flatmates dela, bem como todos os vizinhos.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Brasileiros em Dublin




Ao iniciar os preparos para um intercâmbio em Dublin, a primeira coisa que nos alertam é sobre a quantidade de Brasileiros que vivem nesta capital. Resolvi fazer esse texto sobre as frases que mais ouvimos sobre isso, para ajudar as pessoas que pretendem fazer o próprio intercâmbio aqui em Dublin a formar sua própria opinião.

1) "A escolas de Dublin estão cheias de Brasileiros! Como vou aprender?"

A Realidade: Há muitos brasileiros em Dublin, realmente. A cidade se tornou um destino muito popular entre os intercambistas. pelos motivos já conhecidos: facilidade de obtenção de visto, melhores preços de cursos, proximidade com diversas outras cidades turísticas européias, etc. Sendo assim, as escolas de Inglês para intercambistas estão abarrotadas de Brasileiros.
Uma coisa que pouca gente lembra na hora de reclamar é que a cidade não está cheia de Brasileiros, exclusivamente, e sim, há pessoas de muitas outras nacionalidades. Nosso cérebro é condicionado a buscar o que já conhecemos, então o Português se destaca aos nossos ouvidos a todo momento, e o escutamos - realmente - em muitos ambientes dentro da escola.

Como contornar: Comprometa-se com seu aprendizado. Faça seus deveres de casa, envolva-se nas aulas e nas atividades extra-classe, conheça gente nova. Durante as aulas, mantenha o foco, e fale apenas em inglês ou por meio de mímicas. Evite ceder a tentação de traduzir tudo para seu amigo brasileiro, pois isso fará vocês continuarem raciocinando em Português e a ideia de aprender um novo idioma é exatamente contrária a essa: você deve tentar pensar no novo idioma.

2) "Tem Brasileiro pra todo lado, não tem como praticar inglês!"

A Realidade: A quantidade de brasileiros também gerou uma grande quantidade de comércios específicos para essa população. Isso mesmo, se você achar que vai sentir saudade de alguma comida brasileira, pode ficar tranquilo pois aqui há restaurantes e mercadinhos com coisas brasileiras, bem no centro da cidade. Além disso, os brasileiros também trabalham em outros comércios e, vez ou outra, você pode entrar em uma loja e descobrir que a pessoa que atende é do Brasil.
Bar D-ONE, serve almoço brasileiro diariamente.


Como contornar: Saia da sua zona de conforto. Não vá sempre aos mercados, restaurantes e baladas brasileiras. Vá a lugares novos, compre alimentos em mercados irlandeses, poloneses, indianos, japoneses! Eles estão por todo lado, e nesses você só vai ter um jeito de se comunicar: em inglês. Não se esqueça que você atravessou o oceano com um propósito, e será triste voltar pra casa sem ter conhecido culturas novas.

3) "Brasileiro é um povo muito ruim! Brasileiro só sacaneia Brasileiro!"

A Realidade: Como dito anteriormente, a cidade está cheia de estrangeiros. Quanto maior a quantidade de pessoas num lugar, maior a quantidade de índoles você encontra. Em lugares com muita gente, a chance de encontrar alguém querendo dar uma de espertinho é sempre maior que em um lugar com poucas pessoas. Sendo assim, no meio dos estrangeiros que vieram pra Dublin, obviamente vieram pessoas que não são tão legais quanto se espera que elas sejam. Realmente tem gente tentando passar a perna em pessoas quando o assunto é aluguel, escola, comércio, carro, passeios turísticos, emprego, tudo! Agora, isso é apenas entre os Brasileiros? Obviamente não. E isso acontece só aqui em Dublin? Obviamente não. Certamente você sabe de alguma história de pessoas tentando passar a perna em outras até aí na sua cidade. Por que em Dublin seria diferente?

Como contornar: Fica ligado. Não se envolva com as pessoas erradas. Não confie demais nas pessoas. Conheça seus deveres, seus direitos e seus limites. Comunique-se adequadamente, para que não aconteçam "mal-entendidos". Os mesmos conselhos que sua família sempre te deu, mas agora com um agravante: você não mora mais com eles, você não vai ser protegido por eles caso descumpra alguma regra, e as pessoas em volta não te amam tanto quanto sua família ama.




Eu entrei no meu planejamento de intercâmbio de cabeça, e estava preparada quando chegou minha hora de embarcar nessa viagem. Minha vida tem sido boa aqui, tenho melhorado meu inglês, conhecido novas culturas, e - sobretudo - tenho feito amigos. Os melhores amigos que fiz aqui são brasileiros e têm orgulho do nosso País. Todas as vezes que precisei, foi um brasileiro que me estendeu a mão, ou me deu um ombro amigo. No mais, creio que os comentários negativos sobre Braseileiros em Dublin não passam de um mau-hábito. Há pessoas no mundo que são habituadas a reclamar, e nunca a ver a solução ou o lado bom para as coisas da vida.

Se você não é uma dessas pessoas reclamonas, mete o pé e vem. Dublin te espera de braços abertos, com sorrisos de todas as nacionalidades.

sábado, 16 de maio de 2015

Ju e o Flatmate Espanhol

Minha amiga Ju também está fazendo intercâmbio aqui em Dublin, e ela é um figura. Está no nível 2 de inglês (são 6 níveis, no total) e tem muita atitude e coragem. Ela se vira sozinha, sai e compra o que precisa, passeia e conversa.

Neste último mês, a Ju está dividindo um quarto com um gringo, o cara é espanhol.

Quando se divide o quarto com alguém, acaba que vocês dividem um pouco mais de intimidade que gostariam. A Ju tava contando esses dias que a comunicação deles tem que ser em inglês, mas como ambos estão aprendendo, às vezes as coisas ficam meio difíceis.

Um choque bem complicado foi o hábito de higiene. O espanhol não gosta, por exemplo, de tomar banho. No começo, a Ju achava que estava pensando coisas, até realmente perceber que o cara nunca pegava na toalha de banho quando ia ao banheiro.

O fedor foi apertando, o incômodo da Ju foi aumentando, até que ela não se aguentou e gastou todo seu inglês:

"Ei, today take um shower, né?"

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Coisas que não me contaram sobre Dublin

Antes de vir fazer meu intercâmbio, eu pesquisei muito sobre o que encontraria por aqui. Assisti inúmeros vídeos, li muitos blogs, conversei com muitos intercambistas que já tinham ido...

Mas algumas coisas ninguém nunca mencionou.

Seguem aí algumas curiosidades sobre Dublin que eu só compreendi quando cheguei aqui:
  1. Aves na rua - Aqui em Dublin, na rua, não tem apenas pombos revirando o lixo. Tem outras duas aves: gaivotas e corvos! E todos eles são super mansos! Mesmo que você tente espantá-los, eles vão ficar olhando para sua cara, e se você der mole, eles vão roubar a comida da sua mão.
  2. Cassino - Aqui não é proibido, e tem vários cassinos pra todo lado no centro de Dublin: tem cassino bonito, cassino feio, cassino com cara de boteco... muito diferente.
  3. Bêbados e Drogados - Tem muita gente perambulando pelas ruas, meio sujos, com cara de drogado. Eles, às vezes, gritam entre si, se empurram... Eu não sabia que haveria tanta gente 
  4. "Periferia" - No Brasil, costumamos associar o nome "periferia", quando se fala das cidades, às áreas mais pobres das pessoas. Aqui, os lugares mais próximos do centrão têm mais imigrantes e também as pessoas que vivem do suporte financeiro governamental, ou seja, os pobres não vivem na periferia, e sim no centro.
  5. Semáforo - Os semáforos fazem barulhinho para dizer que os pedestres já podem atravessar. Diferente do Brasil, os semáforos de pedestres daqui contam com o sinal de "atenção" (na minha cidade só tem o "pare" e "siga").  E o "atenção" fica aceso por mais tempo que o "siga", ou seja, se vocês chegarem e ainda estiver no "atenção", passa rapidinho, pois normalmente dá tempo!

Essas foram algumas coisas que eu consigo me lembrar que me deixaram mais surpresas na semana que cheguei. Se quiserem saber de mais alguma coisa, é só comentar que eu respondo pra vocês!

Beijo! <3